Sofia e Pisko: só lhes faltava serem gémeas!

Texto: Marcelo Neves
Fotografia: Manuel Azevedo
Há dias o vosso treinador, João Soares, realçava o facto inquestionável de que as três aportaram uma mais-valia, em termos de qualidade e de experiência, ao Novasemente Cavalinho. Já jogam “de olhos fechados”?
SF – As três, acho que não, ainda é cedo para se falar assim, atendendo a que nunca tínhamos actuado juntas a nível de clubes antes de chegarmos ao Novasemente. Jogamos juntas na Selecção mas é um trabalho completamente diferente do que é realizado num clube, o tempo é muito mais curto e nunca se consegue atingir o mesmo entrosamento alcançado durante uma época inteira. Por muito trabalho, denodo e vontade que nós tenhamos, há sempre pequenas coisas que falham. Se falarmos de mim e da Pisko, sim, porque já jogámos juntas há uns anos, mesmo assim ainda nos ajudamos e corrigimo-nos mutuamente. Poderá ser mais fácil no próximo ano se nos mantivermos juntas.
Quanto ao Novasemente, logicamente uma equipa é constituída por um conjunto de valores individuais que, em conjunto, resultam numa força colectiva. A qualidade técnica de cada atleta ajuda ao colectivo, mas se as individualidades não estiverem bem o grupo em nada vai beneficiar dessa qualidade e vice-versa.
O facto de a equipa possuir jogadoras ao nível da selecção, à partida essa qualidade pode beneficiar o colectivo. Neste caso o Novasemente já tinha duas jogadoras de selecção, a Sara Fatia e a Cátia e ao virem mais duas – eu e a Pisko – aumenta a qualidade, mas se todas juntas não dermos o nosso melhor e não lutarmos como um todo, até podíamos ter as melhores atletas do mundo que o resultado não seria positivo.
A propósito da cumplicidade com a Daniela (Pisko), parecem quase gémeas. São naturais da Vila das Aves, têm o mesmo apelido (Ferreira), começaram no D. Aves, onde jogaram juntas 4 épocas (2002 a 2005 e 2007); em 2008 mudam-se para os Restauradores Avintenses, ao serviço do qual estiveram 6 anos, até ingressarem no Novasemente Cavalinho na corrente temporada. A nível de selecção, ambas foram internacionais de futebol de 11 e no futsal feminino participaram juntas em todos os cinco Torneios Mundiais, tendo ambas se estreado diante da Tailândia (V= 5-0) a 6 de Dezembro de 2010, em Espanha.
DF – Apesar de sermos da mesma terra não nos conhecíamos antes. Conheci a Sofia no futsal do D. Aves, pois quando entrei ela já lá estava. Entretanto ela decidiu experimentar o futebol de 11 e eu permaneci no futsal. Ela regressou ao D. Aves e um ano depois arriscámos embarcar num projecto novo, diferente, mas longe de casa, que era o Restauradores Avintenses. Se calhar por morarmos muito perto e nos deslocarmos juntas, partilharmos as mesmas ideias e dos mesmos objectivos no que respeita ao futsal, logicamente fomos criando uma ligação diferente e se calhar por isso fomos seguindo as mesmas pisadas.
Alguma de vocês influenciou a decisão da outra?
DF – Não, porque não era essa a prioridade. Se conseguíssemos aliar as duas coisas, tudo bem, mas a minha decisão ou a da Sofia de vir pra cá não dependia da opção da outra. Mas se conseguimos estar numa equipa que nos oferece boas condições e ainda termos ao nosso lado pessoas amigas, obviamente é juntar o útil ao agradável.
Vocês deslocam-se todos os dias da Vila das Aves a Espinho e vice-versa?
DF – Presentemente não, devido à situação profissional, mas até há bem pouco tempo, sim.
Isso provoca algum stress, não?
DF – Agora já não porque foram muitos anos a fazermos isso e tornou-se um hábito. No início é sempre complicado, mas a partir de certa altura é algo normal. Se calhar se trabalhássemos longe seria mais stressante e cansativo.
Vocês trabalham ambas aqui em Espinho?
DF – Eu ainda não, ela já, daí ela já não fazer as viagens comigo.
A opção de virem para o Novasemente, depois de terem ganho tanta coisa com os Restauradores, numa altura em que a equipa está a evoluir, tem a ver com a expectativa e ambição de conquistar títulos aqui?
SF – Acho que essa ambição é comum a nós três e a toda a equipa. Eu não sei jogar para perder, é sempre para ganhar e, nesse sentido seria incoerente dizer que não desejo ser campeã nacional ou que não quero ganhar títulos, porque se ganhar sempre é lógico que acabe por conquistar algo. Mas da mesma forma que eu e as minhas colegas de equipa queremos, também as restantes concorrentes querem e também trabalham para isso. Sabemos que nem sempre é possível e que não basta o nosso empenho, pois também há empenho do outro lado. Este projecto é ambicioso, se não houvesse essa ambição de chegar mais longe, obviamente teríamos de ajustar os nossos próprios objectivos aos do clube. Quando aceitámos o convite do Novasemente já sabíamos bem o que iríamos encontrar, conhecíamos bem as jogadoras que cá estavam, que tipo de trabalho se desenvolvia cá e nessa medida colocámos as nossas ambições na mesma fasquia das do clube. O meu objectivo é ganhar! Poderá não ser possível, mas vamos tentar!