«Queremos subir a fasquia E mantermo-nos invencíveis»

Texto: Marcelo Neves

Foto: Manuel Azevedo

 

Com 36 golos na conta pessoal, Manu é de longe o melhor marcador do seu campeonato. Uma veia goleadora assanhada – cuja melhor marca foram seis golos frente ao Furadouro, na 1ª jornada (vitória por 13-1) – à qual não será alheia, além de uma facilidade de mobilização por toda a frente de ataque, a eficiência de um colectivo que lhe vai municiando oportunidades sem conta com o intuito de ajudá-lo a confirmar o pódio de goleador.

Mas, garante o jovem natural de S. Paio de Oleiros, “a equipa não joga toda só para mim! Os meus colegas sabem que persigo um objectivo pessoal e têm respeitado isso, ajudando-me a crescer como goleador. Temos o nosso próprio estilo de jogo, a nossa táctica bem definida, mas eles sabem que eu tenho ambição de marcar sempre em todos os jogos”, salienta.

Tendo começado pelo futebol 7, na Escola de Futebol Eliseu “Os Baixinhos”, de Espinho, Manu migrou para o futebol de 11 para o Feirense, em 2004.Seguiu.se o salto para o FC Porto, que representou em quatro escalões diferentes, dos Sub-13 aos Sub-16, tendo conquistado um título nacional ao serviço dos Sub-15. Acabaria por ser dispensado, o que o levou a passar um mau bocado no primeiro ano pós-“Dragão”. “Estava desmotivado e as coisas não corriam tão bem quanto eu desejava, mas felizmente tive um treinador que me ajudou bastante, o Tiago Oliveira”, isto já de volta ao Feirense. Na época seguinte, “o Prof. Nuno Santos foi impecável comigo, apostou em mim, ajudou-me a evoluir e fez-me chegar ao Boavista, onde fiz a pré-época”.

Contudo Manu optaria por trocar o projecto axadrezado pelo projecto do Cesarense. Uma decisão que o jogador de 19 anos justifica pelo facto de ter percebido a tempo que “não iria ter muitas oportunidades de jogar assiduamente e para um júnior de último ano jogar com regularidade é fundamental para poder atingir o primeiro ano de sénior em boas condições e poder dar o ‘salto’”.

Aos olhos de muitos, ter vindo para o Cesarense “podia parecer um passo atrás, mas acho que posso vir a dar dois ou três passos à frente”, contrapõe o avançado, provando essa teoria com a realidade de vir há tempos a fazer parte dos trabalhos do plantel principal do Cesarense e sendo convocado peo técnico Martelinho.

Para Manu “é um claro voto de confiança do clube e do mister Martelinho e penso poder contar com o Cesarense, tal como eles podem contar comigo. Sei que a concorrência é maior, as responsabilidades também, mas vou trabalhar para complicar as escolhas do técnico”, promete o avançado, que tem no internacional sueco Zlatan Ibrahimovic o seu modelo de actuação “pela sua formidável mobilidade dentro de campo” e pela forma como “pega no jogo e finaliza”, a par de outro internacional, este português, Pedro Pauleta, “cujos jogos apreciava muito”.

Quanto ao segredo para se atingir um volume de 101 golos em 17 jogos, Manu desvenda algo muito simples: “Por um lado, trabalharmos muito forte para estarmos sempre ao mais alto nível, assim como termos um balneário muito unido e, na realidade, a qualidade do nosso plantel é superior à maioria dos nossos concorrentes”, admite, sem pejo em defender que esta equipa de juniores do Cesarense “merecia estar a competir num patamar superior”.

Outro factor que tem induzido às goleadas é o trabalho da equipa técnica liderada por Pedro Alves. “O nosso mister não gosta de facilitar. Podemos estar a vencer por 3 ou 4, que continuamos à procura de mais, sempre em cima do adversário. O nosso objectivo é o de marcar o maior número de golos possível e sofrer o menor número possível. Para já está a correr tudo muito bem”, realça.

Chegar à centena de golos “nunca foi programado, mas já que neste momento superámos os 100 golos, vamos tentar ir mais longe, sem que tenhamos uma fasquia fixa”, reforça o colega de ataque, João Santos.

O jovem dianteiro, oriundo esta época do “vizinho” Feirense, é o segundo goleador da equipar, com 22 golos, o que não deixa de ser invulgar para um “extremo”. Mas tem uma explicação: “A maior parte dos meus golos nascem da colocação da bola nas costas dos defesas contrários e sendo uma das minhas armas a velocidade, aproveito a ocasião para facturar”.

Tal como Manu, destaca a “grande diferença de qualidade” deste plantel para explicar tão rotundo êxito, embora para João Santos “o que mais contribui para este sucesso é o conhecimento e o entrosamento” no seio da equipa. “Uma boa parte da equipa veio do Feirense, onde muitos jogámos juntos e estávamos habituados a disputar o campeonato nacional, daí ter sido mais fácil atingirmos este nível”, realça.