«Estamos em fase de crescimento e mais perto das equipas de top»
Texto: Marcelo Neves
Foto: Manuel Azevedo
Ao contrário do jogo anterior, o encontro de hoje na opinião do técnico, “teve duas partes bem distintas”, admitindo que as jogadoras lusas “não entraram tão bem”, sentindo dificuldade “em adaptar-se ao jogo da Suíça, se calhar pela falta de alguma pressão ofensiva”, o que criou situações de perigo junto à baliza hoje entregue a Patrícia Morais, “que a nossa guarda-redes e outras vezes as nossas jogadoras conseguiram resolver”.
No intervalo “corrigimos essas situações, percebendo que tínhamos de possuir mais tempo a bola, estávamos muito desgastados porque passámos a maioria do tempo a defender e conseguimos pressioná-las mais alto”, impedindo que as suíças impusessem o seu estilo, baseado “nos lançamentos longos para as costas da nossa defesa”. Anuladas essas acções, considerou Francisco Neto, “equilibrámos o jogo e num lance estudado acabámos por ser felizes e marcámos”.
No final, Francisco Neto fez questão de realçar “a entrega das nossas jogadoras, não obstante a fadiga acumulada”, classificando estes dois encontros como sendo parte de “mais uma etapa do nosso crescimento, mais um momento de superação das nossas atletas”. A resposta positiva da equipa, sublinhou ainda, “é o fruto de alguns factores, tais como o trabalho cada vez mais rigoroso e competente dos clubes onde estas atletas actuam; o apoio da Direcção da FPF, que procura conceder-nos todas as condições e o espaço para podermos desenvolver o nosso trabalho e, não poderia deixar de referir, o empenho de todo este staff, que tem sido incansável”, realçando em particular o trabalho da equipa médica, “que conseguiu que elas recuperassem a um nível aceitável para poderem defrontar esta Suíça”.
O mérito da prestação da selecção das quinas ganha maior destaque se tivermos em conta o palmarés do adversário. “Não podemos esquecer que esta Suíça estará no Mundial, conseguiu realizar um percurso de apuramento fantástico, inédito na carreira delas, com 53 golos marcados e apenas 1 sofrido, deixando para trás selecções como a Dinamarca e a Islândia, não perderam com ninguém. Já não perdiam há bastante tempo e vieram a Portugal e perderam duas vezes e as coisas hoje nos sorriram e estamos muito felizes”.
Francisco Neto reconhece que há ainda muitas arestas por limar. O percurso será algo longo e pode ser penoso, mas acredita que estas jogadoras estão no bom caminho. “No cômputo dos dois jogos, se pudéssemos dividir em quatro momentos, creio que tivemos 3 momentos muito bons e um menos conseguido. Somos humildes para reconhecer que temos dificuldades e tentamos ao máximo disfarçar esses pontos fracos e exponenciar os pontos fortes. No capítulo defensivo fomos muito fortes, bem organizados e isso foi notório tanto no jogo anterior como hoje na segunda parte, somado ao aproveitamento que tivemos das oportunidades criadas. Já crescemos na organização defensiva, nas nossas transições, mas sabemos que ainda temos de evoluir em outros aspectos do jogo”, ressalvando o facto de “muitas destas atletas que actuam no estrangeiro, estarem ainda a entrar em pré-temporada” e por isso “o registo de intensidade dos campeonatos, após um jogo internacional, ser muito diferente”.
A filosofia dos responsáveis técnicos do futebol feminino é simples e bem lógica: aprender com os melhores, aqueles que já atingiram um patamar mais elevado. “Julgo que estamos a chegar mais perto das selecções de top como esta Suíça, fruto do bom trabalho dos clubes e da própria FPF. No apuramento defrontámos a Noruega, a Holanda, a Bélgica, jogámos duas vezes com a Suíça e ainda com a Escócia, tudo equipas que estão acima de nós no ranking e independentemente dos resultados as nossas prestações foram sempre muito positivas”, salienta, reforçando a ideia de que “é neste registo que nós queremos crescer, é jogando contra os melhores que nós podemos evoluir e ser melhores e é nesta senda que nos vamos manter”.
Segue-se a participação no ”Algarve Cup”, prova que se realiza de 4 a 11 de Março. Para esta selecção lusa será mais uma espécie de “sala de aulas” e um teste “à capacidade de superação”. “Vamos encontrar pela frente um Japão, uma França, que são terceira e quarta, respectivamente, no ranking mundial, e uma Dinamarca que está no “top 20” e nós somos os 42º desse ranking”. A dificuldade está à vista, e Francisco Neto faz questão de salientar que “não há nenhum grupo no Campeonato do Mundo 2015 que tenha equipas tão fortes como aquelas que nós vamos defrontar. Vai ser mais um momento de aprendizagem, de crescimento que vai obrigar-nos a superar-nos”, tendo como foco o apuramento para o Europeu 2016, que se inicia em Setembro, e como ponto fulcral o tempo de recuperação das atletas em curtos espaços de tempo entre cada jogo.